De acordo com o governo, o Brasil é responsĂĄvel, atualmente, por cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, ocupando a quarta posição, atrĂĄs da China, Ăndia e dos Estados Unidos. No entanto, mais de 80% dos fertilizantes utilizados no Brasil são importados, "evidenciando um elevado nĂvel de dependĂȘncia externa".
"Nós queremos deixar de ser importador", disse Lula. "O ano passado foram US$ 25 bilhões que nós pagamos para importar fertilizante para o Brasil. Esse dinheiro poderia ter sido pago para empresĂĄrios aqui dentro, que geram emprego aqui dentro, que geram salĂĄrio aqui dentro e que geram qualidade de vida aqui dentro", acrescentou o presidente, convidando os empresĂĄrios da EuroChem a investir mais no Brasil.Em discurso, Lula destacou a importância da soberania e autossuficiĂȘncia do Brasil em relação aos fertilizantes. Para o presidente, é preciso aumentar os investimentos nesse setor para desenvolver ainda mais o agronegócio do paĂs.
"O Cerrado brasileiro, na década de 70, era tido como terra imprestĂĄvel. Quando a gente passava no lugar e via uma mata toda torta, toda enrugada, falava 'essa terra não presta'. Depois o que aconteceu. Com o manejo daquela terra, o Cerrado passou a ser o lugar mais produtivo desse paĂs", disse o presidente, lembrando das incertezas criadas no setor com a guerra entre a RĂșssia e a Ucrânia, jĂĄ que os russos são um grande fornecedor de insumos para produção de fertilizantes.
"Se o Brasil é um paĂs agrĂcola, de um potencial extraordinĂĄrio, quase que imbatĂvel hoje, pelo alto grau de investimento em ciĂȘncia e tecnologia e genética, por que a gente não é, pelo menos, autossuficiente na produção dos fertilizantes que nós precisamos?", questionou Lula. "Não existe arma de guerra mais importante na face da terra do que o alimento. O alimento é a arma mais importante, porque é a sobrevivĂȘncia de todas as espécies vivas do planeta", acrescentou.
Para diminuir a dependĂȘncia externa, o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), liderado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, IndĂșstria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, aprovou em novembro de 2023 as diretrizes, metas e ações do novo Plano Nacional de Fertilizantes. O principal objetivo é chegar a 2050 com uma produção nacional capaz de atender entre 45% e 50% da demanda interna, além de gerar oportunidades e empregos para os brasileiros.
As principais ações do plano, de curto e médio prazo, visam reativar, concluir ou ampliar fĂĄbricas de fertilizantes estratégicas para o Brasil, sobretudo nitrogenados e fosfatados. NitrogĂȘnio e fósforo, além do potĂĄssio, estão na base da maior parte dos nutrientes quĂmicos usados na agricultura.
Com investimento de US$ 1 bilhão, em recursos próprios, essa é a primeira unidade de mineração da empresa fora do continente europeu. Fundada em 2001, a EuroChem é uma multinacional de origem russa com sede na SuĂça e opera minas e instalações de produção na Europa, América do Sul, China, Cazaquistão e RĂșssia.
A empresa estĂĄ presente no Brasil desde 2016, a partir da aquisição das empresas Fertilizantes Tocantins e Fertilizantes Heringer. Atualmente, conta com 21 unidades produtoras no paĂs.
O complexo em Serra do Salitre integra, em um Ășnico local, desde a extração do fosfato, matéria-prima principal, até a produção de fertilizantes granulados. Além de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados, a planta industrial produzirĂĄ 1 milhão de toneladas anuais de ĂĄcido sulfĂșrico e 240 mil toneladas de ĂĄcido fosfórico, subprodutos usados no processo de produção do próprio fertilizante.
A companhia espera envolver mais de 1,5 mil colaboradores, com atuação direta, indireta e contĂnua na operação do complexo. Durante as obras, foram gerados 3,5 mil empregos diretos no complexo, com a adoção de uma polĂtica de desenvolvimento e capacitação profissional que priorizou a contratação de mão de obra local.
A unidade conta com sistema de barragens composto por trĂȘs estruturas geotécnicas, um Centro de Monitoramento e Controle Geotécnico e a realização de inspeção visual diariamente. Radares, um sistema de câmeras e instrumentos automatizados permitem o monitoramento das barragens em tempo real.
Fonte: EBC