A professora titular da UFRRJ, Soraya Almeida, curadora e coordenadora do projeto de criação do museu, destacou que a região tem mais de 3 mil escolas de Ensino Fundamental e Médio, que terão uma opção mais próxima para ter mais contato com a ciĂȘncia.
"São pessoas que estão distantes [da capital] do Rio de Janeiro e tĂȘm dificuldade de acesso por causa do trânsito, passagem, uma série de fatores que criam obstĂĄculos para essa população imensa. Embora a gente esteja em ĂĄrea rural, hĂĄ uma grande concentração geogrĂĄfica [de pessoas]. [O Museu] é um novo polo de difusão de conhecimento dentro da Baixada Fluminense", disse à AgĂȘncia Brasil.
A expectativa também é ampliar a inclusão social e melhorar a autoestima e bem-estar das crianças e adolescentes. "Em todos os museus de ciĂȘncias naturais no mundo inteiro, a parte de geologia, minerais e rochas é a que mais atrai pessoas, porque os minerais são bonitos, eles tĂȘm a caracterĂstica de terem a estrutura cristalina, e essa beleza atrai as pessoas e faz com que se interessem pela ciĂȘncia", contou.
A reação das crianças é mais efusiva entre os estudantes que se empolgam ao conhecer os minerais e as rochas. "Crianças se envolvem de imediato, tĂȘm mais espontaneidade. Elas ficam encantadas", indicou a professora.
"JĂĄ os adolescentes tĂȘm maior interesse quando passam a realizar trabalhos escolares. De inĂcio, ficam indiferentes. Mas, quando são colocados para desenvolver atividades com a mão na massa mesmo, tocar nas rochas, trazer amostras que coletam perto das casas deles, querem saber que material é aquele. O envolvimento é maior na medida em que se tornam parte daquilo", revelou Soraya.
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) inaugura o Museu de Rochas e Minerais da UFRRJ, no campus Seropédica. Foto: Tomaz Silva/AgĂȘncia Brasil - Tomaz Silva/AgĂȘncia Brasil
O Museu, que serĂĄ o Ășnico com este tema na Baixada Fluminense, abre com um catĂĄlogo de mais de 800 amostras de minerais e rochas, mas a expectativa é que a coleção possa ser ampliada no futuro, porque existe um nĂșmero grande de amostras ainda não catalogadas. Com isso, o acervo pode atingir mais de 1,5 mil itens em exposição.
Um outro atrativo do Museu de Rochas e Minerais da UFRRJ são as atividades de pesquisa, uma vez que o espaço mantém e disponibiliza um acervo composto por minerais, minérios e rochas de vĂĄrias regiões do Brasil e do mundo. Parte desse material estĂĄ associada a projetos cientĂficos desenvolvidos ao longo de mais de 30 anos por pesquisadores do Instituto de GeociĂȘncias da UFRRJ.
Com o desenvolvimento de pesquisas de vĂĄrias ĂĄreas cientĂficas em estudos de minerais e rochas, o Museu tem um carĂĄter multidisciplinar. Além de Soraya Almeida, fazem parte do conselho os professores Rubem Porto Junior, Angélica Cherman, Heitor Mothé e Maria Geralda de Carvalho.
A professora contou que o projeto de criação do museu começou hĂĄ oito anos, mas ainda não tinha avançado por falta de recursos. A partir de um edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento CientĂfico e Tecnológico (CNPq) em 2023, o problema foi solucionado. Soraya Almeida acrescentou que o projeto contou com doações recebidas em participações da equipe de eventos museológicos.
Antes da criação do Museu, o Instituto de GeociĂȘncias jĂĄ promovia oficinas, reciclagem de professores e palestras em escolas. Soraya lembrou que essas atividades cientĂficas causaram tanto interesse em alguns alunos, a ponto deles escolherem carreiras oferecidas na UFRRJ e seguirem os seus estudos na instituição. "A Universidade faz esse trabalho de extensão com as escolas da região", disse.
Rochas vulcânicas na exposição do Museu de Rochas e Minerais da UFRRJ, no campus Seropédica. Foto: Tomaz Silva/AgĂȘncia BrasilA próxima etapa é estender a coleção de amostras na parte externa para formar uma ĂĄrea do museu a céu aberto. "É a construção do Jardim Geológico, um Museu a Céu aberto. Vai ter amostras, rochas de maior tamanho que possam ser expostas, para que se possa circular ao redor delas. Um espaço aberto para crianças", adiantou.
Outra perspectiva que anima a professora é preparar uma programação que integre todos os museus da UFRRJ para a visitação do pĂșblico nos fins de semana. "O NĂșcleo de Articulação de Acervo e Coleções da Universidade estĂĄ planejando fazer atividades de fins de semana com todos os museus da Rural em conjunto. Fazer programações que envolvam todos os museus com uma visita itinerante, aberta para a comunidade toda", afirmou, destacando que pode ser um espaço de convivĂȘncia das famĂlias.
Nessa programação integrada vão participar o Museu de Solos do Brasil, o de Zoologia, o Casa do Reitor e o de Anatomia Patológica Carlos Tokarnia.
Acervo do Museu de Rochas e Minerais da UFRRJ, no campus Seropédica, conta com mais de 800 peças. Foto: Tomaz Silva/AgĂȘncia Brasil