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PolĂ­cia

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Tribunal decide que morte de jovem em Manguinhos foi homicídio culposo

Depois de dez anos de espera e dois dias de julgamento, o 3Âș Tribunal do Júri da Capital, no Rio de Janeiro, decidiu que o assassinato de Johnatha de Oliveira Lima em 2014, na favela de Manguinhos, deve ser tipificado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Por Brasil 27 06/03/2024 às 22:08:30

Depois de dez anos de espera e dois dias de julgamento, o 3Âș Tribunal do JĂșri da Capital, no Rio de Janeiro, decidiu que o assassinato de Johnatha de Oliveira Lima em 2014, na favela de Manguinhos, deve ser tipificado como homicĂ­dio culposo, quando não hĂĄ intenção de matar. A decisão representa uma classificação inferior à pedida pela acusação, para quem o crime cometido pelo policial militar Alessandro Marcelino de Souza foi um homicĂ­dio doloso (com intenção de matar).

Com a decisão, hĂĄ um declĂ­nio de competĂȘncia e o caso vai ser transferido para julgamento no Tribunal Militar. O processo e as investigações recomeçarão e a pena vai ser decidida efetivamente pelos juĂ­zes militares. Ainda cabe recurso pelo Ministério PĂșblico.

Johnatha tinha 19 anos de idade em 14 de maio de 2014, quando cruzou com um tumulto entre policiais e moradores da favela de Manguinhos. Um tiro disparado pelo agente da Unidade de PolĂ­cia Pacificadora (UPP), Alessandro Marcelino, atingiu as costas do jovem. Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e morreu no local. A famĂ­lia prestou queixa na delegacia e começou a pressionar pelo andamento das investigações.

A mãe de Johnatha, Ana Paula Oliveira, criou o grupo Mães de Manguinhos, ao lado de FĂĄtima Pinho, que também perdeu o filho assassinado. Elas passaram a acolher outras vĂ­timas e a cobrar respostas das autoridades para crimes cometidos por agentes do Estado. Em entrevista à AgĂȘncia Brasil no dia 9 de fevereiro, Ana Paula falou da expectativa pelo julgamento. Ela desejava que a condenação do policial se tornasse uma referĂȘncia para outras mães que passaram por dores semelhantes.

Tribunal do JĂșri

O jĂșri começou na tarde de terça-feira (5) e foi encerrado no inĂ­cio da noite desta quarta (6), com nove testemunhas ouvidas, sendo cinco de acusação e quatro de defesa. A primeira testemunha a depor foi Glicélia Souza, vizinha e amiga de infância de Johnatha. Ela relatou que ouviu barulho de tiros e se escondeu com o filho dentro de uma loja. Não conseguiu ver de onde o disparo foi feito, mas viu Johnatha desarmado, caĂ­do no chão com ferimento, sendo socorrido por outras pessoas. Os moradores comentavam que os disparos partiram dos policiais.

FĂĄtima dos Santos foi a segunda a depor e disse ter visto trĂȘs policiais no momento do crime, mas não testemunhou o disparo. Ela estava acompanhada do filho, que disse ter visto Johnatha baleado no chão. Em seguida, viu pessoas andando na direção dos policiais militares jogando pedras neles.

A perita da PolĂ­cia Civil Izabel Solange de Santana disse que das 12 armas recolhidas para perĂ­cia técnica (9 pistolas e 3 fuzis), uma era compatĂ­vel com a que atingiu Johnatha.

A tia de Johnatha, PatrĂ­cia de Oliveira, contou que ficou sabendo do crime pelo primo.

"Foi tudo muito rĂĄpido. Recebemos a informação que ele foi baleado nas costas, fui à UPA e disseram que estava morto, sendo que vi policiais circulando no interior da UPA e não haviam socorrido meu sobrinho. Quando fui na delegacia registrar boletim de ocorrĂȘncia, descobri que policiais que teriam participado da ação prestavam depoimento como auto de resistĂȘncia", disse PatrĂ­cia.

O julgamento teve ainda depoimentos das testemunhas de defesa, o interrogatório do réu, além dos debates entre acusação e defesa. Foi a partir desses procedimentos que o Tribunal do JĂșri decidiu pela classificação de homicĂ­dio culposo para o crime cometido pelo policial militar Alessandro Marcelino de Souza.

Fonte: EBC

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